Nº 7, jul./dez.2010
“É o beat que dita”: criatividade e a não-proeminência da palavra na estética Funk Carioca
Por: Mylene Mizrahi


Neste artigo enfatizaremos a musicalidade do Funk Carioca, deixando de lado as narrativas contidas nas letras das músicas com o objetivo de extrair as lógicas que regem a criatividade musical do ritmo. Dessa perspectiva, tomaremos o referido movimento musical como uma manifestação estético-cultural e deslocaremos a análise de um viés sociologizante para uma que entendemos como mais propriamente antropológica. Nosso ponto de partida consiste em pensar a criatividade em contextos modernos, a partir de uma problematização da autonomia da criação artística que escapa à oposição indivíduo versus sociedade. Este exercício coloca em relação ética e estética – o que emerge das falas dos artistas ao contraporem o seu ritmo de filiação ao Hip-Hop nacional; desloca para a sombra o significado semântico da palavra, ao mesmo tempo em que lhe concede um valor musical; permite-nos prescindir do “gênio criativo” e simultaneamente assegura a individualidade pessoal; produz uma estreita vinculação entre criação, difusão e circulação. Por fim chegamos à dinâmica apropriativa, já destacada por outros autores que, contudo, não isolaram a sua especificidade.

Palavras-chave: criatividade, música, não-dualismo, apropriação.

“É o beat que dita”: Creativity and Non-Prominence of Parole in Rio Funk Aesthetics
In this article we will give emphasis to Funk Carioca musicality, leaving to one side the narratives contained in the words of the songs with the aim of extracting the logic that determines the rhythm’s musical creativity. From this perspective, we will examine this musical movement as an aesthetic and cultural manifestation and we will shift our analysis away from a sociologizing bias to one we consider to be more proper to anthropology itself. Our starting point consists in reflecting on creativity in modern contexts, based on a problematization of the autonomy of artistic creation that escapes from the opposition of individual versus society. This exercise puts ethics and aesthetics in a relationship with each other – that which emerges from the words of the artists when they oppose their filiated rhythm to national Hip-Hop; it puts the semantics of the word into the shadows, whilst also providing it with a musical value; it permits us to prescind the “creative genius” whilst simultaneously ensuring personal individuality; it produces close links between creation, diffusion and circulation. Eventually, we arrive at the appropriative dynamics, already highlighted by other authors, which do not, however, isolate its specificity.

Keywords: creativity; music; non-dualisms; appropriations.

“É o beat que dita”: criatividade e a não-proeminência da palavra na estética Funk Carioca

Ouça:

"Olha a vibe"- Mr Catra, exemplo sonoro nº 1

“Beatbox Catra", exemplo sonoro nº 2 

“Tamborzão”, exemplo sonoro nº 3

“Macumba”, exemplo sonoro nº 4

Planet Patrol, exemplo sonoro nº 5

"Ai, meu piru"- Mc Rael, exemplo sonoro nº 6

Publicada em: 16/02/2011 às 14:06 Seção: Nº 7, jul./dez.2010

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