Neste artigo, são apresentados os resultados de uma pesquisa realizada junto a escolas públicas que atendem crianças e adolescentes de favelas da Zona Sul do Rio de Janeiro. Com base no material empírico levantado, discute-se a hipótese formulada pela literatura internacional, de que a segregação urbana também dá lugar a uma segregação institucional. A partir da comparação entre a percepção que os professores da escola pública fazem de seus alunos e a percepção dos educadores que atuam em projetos sociais que atendem o mesmo público, conclui-se que o trabalho de socialização cultural na cidade que deveria ser realizado pela escola pública tem sido prejudicado pelo estigma da favela, encarada como locus privilegiado da cultura da violência.

Palavras-chave: cidade, favela, escola, cidadania.

This article presents the results of research carried out in public schools attended by children and adolescents who live in favelas (shanty towns) of Rio de Janeiro’s South Side. Based on empirical data, it discusses the hypothesis – developed by the international literature – that urban segregation also manifests itself as institutional segregation. Comparing the perception that the teachers of public schools have of their students with those of the educators that work in social projects geared towards the same community, it concludes that the work of cultural socialization that should be promoted by public schools has been impaired by the stigma of the favela, which is seen to be the privileged locus of the culture of violence.

Keywords: city, shanty town, school, citizenship.

Segregação urbana e institucional: a relação entre as escolas públicas e as favelas