Nº 2, jan./jun.2008
Globalização, desigualdade e pobreza: a insustentabilidade socioambiental do “livre-comércio”
Por: Roberto P. Guimarães

O desafio mais importante que a humanidade enfrenta no novo milênio está situado na qualidade do crescimento econômico (i.e., o aumento nos níveis de bem-estar social e a redução de desigualdades socioeconômicas), muito mais do que sua quantidade (i.e., o simples incremento do produto e da riqueza econômica). Desigualdades sociais, políticas e ambientais, particularmente a pobreza e a ausência de oportunidades e de acesso aos recursos, contribuem à desintegração social e são uma das principais causas da insustentabilidade dos modelos e das práticas atuais de desenvolvimento. Deste modo, enquanto a homogeneização crescente dos padrões de consumo e de produção provocada pela globalização está melhorando lentamente a qualidade de vida para muitos, o incremento excessivo do consumo, e do consumo insustentável, provoca severas pressões sobre a base de recursos naturais e aumenta as desigualdades distributivas, as quais são, por sua vez, transmitidas também às gerações futuras. Sendo assim, tentar uma análise das dimensões sociais que dificultam a emergência de um desenvolvimento sustentável em muitas partes do mundo requer pôr em relevo o aumento das desigualdades econômicas e não-econômicas da última década. Intimamente relacionado a este tema, impõe-se também identificar os mecanismos de transmissão de tais desigualdades em um contexto de globalização assimétrica, particularmente os relacionados com o regime internacional de comércio.

Palavras-chave: Desenvolvimento, sustentabilidade, meio ambiente, condições sociais, pobreza, desigualdade, comércio internacional.

The most important challenge faced by humanity in this new millennium is the quality of economic growth (e.g., increase in social welfare levels and reduction of socio-economic inequalities), over its quantity (e.g., the simple growth of economic product and wealth). Social, political and environmental inequalities, in particular poverty and lack of opportunities and access to resources, increase social disintegration and are one of the main causes of the unsustainability of current models and practices of development. Thus, while the growing homogenization of consumption patterns and production caused by globalization is slowly improving quality of life for some, the excessive growth of consumption, and of unsustainable consumption, leads to severe pressures over the base of natural resources and increases distributive inequalities, which are also passed on to future generations. Consequently, an analysis of the social dimensions which make sustainable development even more difficult all over the world requires a special attention over the increase of economic and non-economic inequalities in the last decade. Directly related to this issue, it is also necessary to identify the mechanisms of transmission of such inequalities in an asymmetric globalization context, particularly those related to the international trade regime.

Keywords: Development, sustainability, environment, social conditions, poverty, inequality, international trade.

Globalização, desigualdade e pobreza: a insustentabilidade socioambiental do “livre-comércio”

Publicada em: 28/08/2008 às 10:10 Seção: Nº 2, jan./jun.2008

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